A tarifa média de energia elétrica para a indústria do Ceará é de R$ 316,50 por megawatt-hora (MWh), a 16º mais cara do Brasil. Na liderança está Mato Grosso, onde a indústria paga R$ 419,20 por MWh, seguido por Tocantins (R$ 373,20/MWh), Minas Gerais (R$ 372,4/MWh) e Bahia (R$ 365,20/MWh) e o Paraná com R$ 301,30 por MWh.
O menor preço é encontrado em Roraima (R$ 255,9/MWh).
O valor no Ceará, entretanto, é 47% a mais que a média de R$ 215,50 em um conjunto de 27 países do mundo que possuem dados disponíveis na Agência Internacional de Energia. A diferença chega a 125% quando se compara o Estado com os demais países dos Brics (Rússia, Índia e China), que pagam em média R$ 140,70. Se a comparação for com a média dos países vizinhos (R$ 197,50), novamente o custo no Ceará é bem mais caro (diferença de 60%). As conclusões são do estudo “Quanto custa a energia elétrica para a indústria no Brasil?”, realizado pelo Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e divulgado ontem.
Coelce rebate
O gerente de Regulação e Mercado da Coelce, José Caminha, rebate os dados da pesquisa. Nos cálculos dele, o preço médio para a indústria do Ceará é de R$ 272, sem considerar os impostos. Ele diz que são os encargos e tributos que elevam o preço da energia elétrica. “Somente ICMS, PIS/Cofins aumentam em 32% o valor da energia”, afirma.
Já o presidente do Sindtêxtil no Ceará, Ivan Bezerra Filho, diz que não faz sentido um valor “tão caro” para a energia elétrica. “A energia das hidrelétricas é a mais barata do mundo”, fala. De acordo com ele, 10% do custo da produção da indústria têxtil é para pagar a energia. “Este percentual era de 5% antes das privatizações”, compara.
Competitividade
Ao analisar também as diferenças entre os estados do Brasil, o estudo conclui que nenhum deles é competitivo em nível mundial. Para isso, foram levantadas as tarifas das 64 distribuidoras nas 27 unidades da Federação. Porém, o Ceará tem tarifa 4% inferior à média brasileira (R$ 329/MWh). Na análise das causas desta baixa competitividade, a primeira é que apenas o custo da primeira parte da tarifa, que compreende geração, transmissão e distribuição, já supera os preços finais da energia nos três principais parceiros comerciais brasileiros – China, EUA e Argentina. Outros componentes críticos são os 14 encargos – recorde mundial – que respondem por 17% da tarifa final de energia elétrica para a indústria. Com destinações diversas, e muitas vezes sobrepostas, eles contribuem para eliminar a assimetria das tarifas entre regiões do País. Já a alíquota média dos tributos federais e estaduais (PIS/Cofins e ICMS) cobrada no custo de energia elétrica industrial no Brasil é de 31,5%. No Ceará, é de 30,6%. Esse nível médio de carga tributária não encontra similar entre os países analisados pela Firjan. Pelo contrário: em países como Chile, México, Portugal e Alemanha o peso dos tributos é zero. Para a entidade, mesmo levando em conta um cenário de melhores perspectivas, como o preço-teto de energia do próximo leilão de energia nova A-3, (R$ 280/MWh), a tarifa industrial brasileira ainda assim ficará acima da praticada pelos principais países parceiros e concorrentes. Tanto que, hoje, indústria brasileira já paga a quarta conta de energia mais cara do mundo, o que afeta a sua competitividade. A tarifa de consumo industrial, de R$ 329 por MWh na média nacional, fica atrás apenas de Itália, Turquia e República Tcheca.
Segundo o estudo, o alto peso de encargos e impostos sobre o custo total representam 48,6% da tarifa. Os custos de geração, transmissão e distribuição (GTD) também têm forte influência. Só o custo de GTD no Brasil, de R$ 165,50/MWh, supera a tarifa da China.
Fonte:|http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1024702